quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Alguma coisa me falta, dói-me a alma...



A minha primeira publicação de 2019....Viva o novo ano que começou!


Deveria ser este o sentimento de alegria a residir dentro de mim mas em vez disso estou a passar por uma fase mais negra da minha vida. Não sei se foi por ter feito 40 anos e ter começado a ver-me a envelhecer, não sei se já desaprendi de me perdoar por erros que cometo. Na verdade 2018 quebrou-me em vários sentidos e deixou-me espiritualmente e mentalmente de rastos.

Posso dizer que sou uma afortunada, um marido maravilhoso que muitas vezes peso em tom de brincadeira, que fez ele noutra encarnação para me aturar. Financeiramente não sou rica, sou classe média como diz a minha filha mais nova somos médios. Trabalho no que gosto, tenho pouco, cada vez menos, amigos mas os que tenho sei que dariam um braço por mim. Por isso poderia dizer que a minha vida é quase um mar de rosas, só que não!

Não entendo o vazio, a dor, a tristeza constante que sinto, a decepção e falta de credibilidade nos seres humanos, acho que até deixei de gostar de mim como gostava. Deixei de gostar de festas e barulhos e neste momento só quero o sossego do meu lar, uma boa manta no sofá e um chá quente acompanhado de um bom filme.

Se estivesse a ler isto há uns anos estaria a dizer: - Paula Lima estás aqui estás a levar um par de quatros estalos, "bora lá" beber uns gins que isso passa! Depressão é ter contas para pagar e não ter o que comer, isso sim.

Para quem ainda está a ler este testamento já se apercebeu que estou a passar por uma crise de depressão! Sim não me auto diagnostiquei fiz questão de ir ao médico quando comecei a sentir o coração a apertar, como se de repente todos os medos do mundo vivessem dentro de mim. E sim estou medicada, porque apesar de ser uma mulher de carne e osso, sempre vivi como se fosse feita de ferro. Mas mesmo o ferro muitas vezes enferruja e corroí por dentro.

Este desabafo não é para terem pena, odeio esse tipo de sentimento, este testamento é uma espécie de perdão pessoal por todas as vezes que ouvia falar de depressão e gracejava com a ideia, dizia nada que umas compras e umas jantaradas não resolvam. É um perdão interior por não ter tido compaixão e menosprezado a situação e o problema de quem já passou por isso.

É um não vou ceder à desesperança, é um vou lutar todos os dias nem que seja de lágrima de rosto e punho cerrados. Chorar faz-me bem, alivia, é tipo depois da tempestade aparecem os raios de sol.  É complicado quem está à nossa volta não sabe como nos ajudar e logo eu que não gosto de mostrar fraquezas.

Mas fiz questão de escrever isto para mim, para que daqui a um ano diga, superaste, estás aqui bem, já sem a tiróide, mais velha um ano, resmungona e com a mania de seres erudita, mas feliz. Aquela felicidade de humor negro que faz parte de ti e tão bem te caracteriza…

A quem me leu e entendeu obrigada, a quem já passou por isto, conselhos são sempre bons e a quem está a passar pelo mesmo que eu , lamento tanto,  mas força! Lembrem-se não há mal que perdure e não falta terra segura para nos agarramos, basta ver com atenção. E apesar de também estar a precisar de ser remendada há sempre um tempinho na minha vida para ler ou ouvir alguém.

Eu vou conseguir…

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